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Dólar cai e Bolsa sobe diante de incertezas tarifárias dos EUA

Na semana, o dólar acumula queda de 2,3%

Dólar cai e Bolsa sobe diante de incertezas tarifárias dos EUA

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Folhapress
06/06/2025 20:00 ‧ há 13 horas por Folhapress

Economia

Moedas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar ou a cair e a Bolsa a subir nesta sexta-feira (6), conforme os investidores repercutiam o relatório de emprego dos Estados Unidos para maio, o "payroll", com dados acima do esperado. Os investidores avaliam o impacto das tarifas do presidente Donald Trump na economia americana.

 

Às 12h01, a divisa dos EUA subia 0,44%, a R$ 5,610, após ter registrado um recuo leve com a divulgação do relatório. Na semana, a moeda acumula queda de 2,3%. Já a Bolsa caía 0,28%, a 135.844 pontos.

Na cena doméstica, investidores aguardam para a próxima semana medidas fiscais alternativas ao decreto que aumentou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) em várias operações.

A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos desacelerou em maio em meio às incerteza tarifárias, enquanto a taxa de desemprego permaneceu em 4,2%, potencialmente dando ao Fed (Federal Reserve, o banco central americano) cobertura para adiar a retomada dos cortes na taxa de juros por algum tempo.

A economia dos EUA abriu 139 mil vagas no mês ado, após 147 mil em abril, informou o Departamento do Trabalho em seu relatório de emprego nesta sexta-feira.

Economistas consultados pela Reuters previam criação de 130 mil postos. As estimativas variavam de 75 mil a 190 mil empregos. A taxa de desemprego permaneceu em 4,2% pelo terceiro mês consecutivo.

Apesar de uma desaceleração, os dados vieram acima do esperado, acalmando as preocupações dos agentes financeiros sobre uma piora no cenário do mercado de trabalho americano diante das tarifas de Trump. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,44%, a 99,111, recuperando algumas das fortes perdas da semana na esteira dos dados dos EUA.

"O mercado de trabalho dos EUA está mostrando uma resiliência notável diante da incerteza em torno das tarifas do presidente Trump. A criação de empregos permanece bastante robusta e, mesmo após as consideráveis revisões para baixo dos dados de março e abril, não está exatamente em níveis que atuariam como um prelúdio para uma recessão", afirmou Matthew Ryan, head de estratégia de mercado da Ebury.

Na perspectiva de Ryan, não há indicações claras de que as empresas estejam adiando as decisões de contratação ou orquestrando demissões generalizadas em razão das tarifas.

O relatório traz uma leitura mais abrangente do estado do mercado de trabalho do país e baliza as decisões de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).

Operadores continuavam a precificar dois cortes de 25 pontos-base pelo Fed neste ano, com o primeiro ocorrendo em setembro. A probabilidade do segundo corte caiu abaixo de 100%, mas ainda se mantém alta.

"Os salários estão subindo a um ritmo saudável, e no ritmo mensal mais rápido desde janeiro, o que deve complicar os esforços do Federal Reserve para atingir sua meta de inflação de 2% em breve", disse Ryan.

Trump pediu nesta sexta-feira que o Fed reduza a taxa de juros em um ponto percentual, reiterando sua visão de que o presidente Jerome Powell tem sido muito lento em afrouxar a política monetária do banco central norte-americano.

"A Europa teve dez cortes de juros, nós não tivemos nenhum. Apesar dele [Powell], nosso país está indo muito bem", disse Trump em publicação no Truth Social.

Na quinta (5), o dólar teve forte queda de 1,03%, cotado a R$ 5,585, a menor cotação desde outubro do ano ado, enquanto a Bolsa recuou 0,55%, a 136.236 pontos.

A sessão foi pautada pela ligação entre o presidente Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping, no que foi o primeiro contato formal entre os dois desde que o republicano assumiu a Casa Branca. Até então, a última conversa havia ocorrido em janeiro, antes da posse.

O telefonema partiu de Trump, segundo a agência estatal chinesa Xinhua. A repórteres no Salão Oval, o presidente afirmou que as discussões comerciais continuam em andamento e estão em boa forma, acrescentando que espera ir à China em algum momento em que Xi Jinping também visite os EUA.

Além disso, disse que os representantes norte-americanos se reunirão com as principais autoridades chinesas para dar continuidade às tratativas.

Agora os investidores aguardam novidades sobre as negociações dos EUA com parceiros a fim de projetar qual será o panorama das tarifas de Trump daqui para frente.

Já no ambiente doméstico, o foco segue voltado ao fiscal. A equipe econômica do governo busca soluções para o ime do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou, na véspera, que medidas fiscais estruturais em discussão pelo governo não serão anunciadas antes de uma reunião com lideranças partidárias do Congresso Nacional, prevista para domingo.

"Os investidores se mantêm em como de espera, podem fazer algum ajuste de posição enquanto aguardam pelo fim de semana, quando está programada a reunião da equipe econômica com os líderes partidários", disse Mattos, da StoneX.

"Eles monitoram para ver qual vai ser o desfecho dessa questão do aumento do IOF", afirmou.

Os investidores temem que a recente queda na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa levar o governo a adotar medidas que aumentem os gastos e gerem mais pressão sobre a dívida pública.

Pesquisas recentes têm indicado queda na popularidade do presidente. De acordo com o levantamento Genial/Quaest, a avaliação negativa do governo é de 43%, e a positiva, de 26%. Consideram a gestão regular 28%, e 3% não sabem ou não responderam.

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